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Mostrando postagens de novembro, 2019

NINGUÉM NUNCA PERGUNTA!

"Ninguém nunca me perguntou, e por isso também nunca precisei responder. Todo mundo quer saber o que sabem os suicidas... Ninguém nunca me perguntou, e por isso nunca precisei responder que a representação do inferno, tal como a imagino, também fica, ou ficava, no Xingu da minha infância...  Eu só queria sair dali. O que estávamos fazendo no meio do inferno, por um trabalho inglório, que seria engolido em poucos anos? " Nove Noites - Bernardo Carvalho

A ficção e a realidade de Nove Noites

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Vamos descobrir uma época e "noites" diferentes das que vivemos.   No fim da década de 1930 um grupo de antropólogos veio dos Estados Unidos para estudar grupos indígenas brasileiros. Jovens, estes antropólogos vieram graças a uma parceria entre o governo brasileiro e a Universidade de Columbia. A história de NOVE noites investiga a misteriosa morte de um antropólogo americano, Buell Quain, que se suicida após uma estada com os índios krahô, no Brasil, quando subitamente regressava à civilização. No meio da floresta, Quain, sem motivos aparentes, retalhou-se e enforcou-se na frente de dois índios horrorizados que o acompanhavam na volta para a cidade de Carolina. Este é o ponto de partida da narrativa, um caso trágico, até mórbido, perdido nos anos e na memória. O narrador / confessor do antropólogo responde pela parte ficcional de Nove Noites, ao passo que o próprio Bernardo Carvalho encarna e responde pelo lado jornalístico, do levantamento de dados que indiquem

Biografia!

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Biografia do Autor de Nove Noites, Bernardo Carvalho: Bernardo Teixeira de Carvalho (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1960). Romancista, contista, jornalista e tradutor. Em 1983, forma-se jornalista pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RJ). Na década de 1980, radica-se na cidade de São Paulo e, a partir de 1986, começa a trabalhar na  Folha de S.Paulo , em que exerce função de diretor do suplemento de ensaios “Folhetim”. Atua como correspondente internacional em Paris e Nova York e, entre 1998 e 2008, colunista fixo do caderno de cultura “Ilustrada”. Com dissertação a respeito da obra do diretor alemão Wim Wenders (1945), obtém grau de mestre em cinema pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP) em 1993. Neste ano, lança a coletânea de contos  Aberração , que marca a estreia na literatura. Seu primeiro romance,  Onze , é de 1995 e, desde então, tem publicado traduções e exercido a função de crítico literário. Seu mais recent

Nove Noites... por Bernardo Carvalho

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O que é fato e o que é ficção em “Nove Noites”? Bernardo Carvalho:  A indistinção entre fato e ficção faz parte do suspense do romance. Por isso não vejo sentido em dizer o que é real e o que não é. Isso tem a ver com meus outros livros. Também neles há um dispositivo labiríntico, em que o leitor vai se perdendo ao longo da narração. Nesse caso isso fica mais nítido porque existem referências a pessoas reais. Mas mesmo as partes em que elas aparecem podem ter sido inventadas. Em última instância, é tudo ficção. Quando eu mostrei o livro à editora, eles ficaram apreensivos com a possibilidade de alguém me processar. Então consultaram um advogado. Ele leu o livro e disse que apenas uma pessoa poderia entrar na justiça contra mim. Mas esse perigo eu não corria, porque, de todas as que ele analisou, aquela era a única que tinha sido inventada. Foi aí que percebi que o livro estava funcionando como ficção. Tem mais um ponto a esse respeito. Você nunca sabe se os índios estã
Inominado Nome Persigo-o no ininteligível arbítrio dos astros, na clandestina linfa que percorre os túrgidos corredores do indecifrável, nos falsos indícios que, de fogos fátuos, escurecem a persistente incógnita do nome. Em persegui-lo persisto onde, bem sei, não lograrei achá-lo, que nunca achado será em tempo ou espaço que excedam meu limite e dimensão. Um nome, ainda obscuro, pressinto no sal da boca amarga, Conheço-lhe o rosto familiar, desfocado embora, no halo do tempo e da distância. É, creio, a face indefectível de tudo quanto tenho de calar. Este nome (este rosto) habita-me silente, contra a recusa, a mentira, ou a calúnia. Na epiderme, nos nervos e na carne, sobre a língua e o palato, adivinho-lhe forma, sabor e propósito. Ouço-o dentro de mim, mau grado o queira ou não, que em mim só está sofrê-lo porque em mim vive e dura, enquanto eu dure e viva. E não por meu mal, que meu mal seria, mais que perdê-lo, sem ele viver.                            Um rosto persigo, um nome
“ Meu nome é amor, Meu sobrenome é viver, Minha vida é sonhar E meu sonho é você.” Desconhecido
Dê nome pra loucura que ela deixa de ser. Sinta dor com nome que assusta menos. Problemas com nomes, são problemas e não loucuras. Tati Bernardi

Nome e etiqueta

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“Os que se chamam grandes homens são etiquetas que dão o seu nome aos acontecimentos históricos; e assim como as etiquetas, não têm relação com esses acontecimentos.” Leon Tolstói

Como se chama isso?

"Comecei uma listinha de sentimentos dos quais não sei o nome. Se recebo um presente dado com carinho por pessoa de quem não gosto - como se chama o que sinto? A saudade que se tem de pessoa de quem a gente não gosta mais, essa mágoa e esse rancor - como se chama? Estar ocupada - e de repente parar por ter sido tomada por uma súbita desocupação desanuviadora e beata, como se uma luz de milagre tivesse entrado na sala: como se chama o que se sentiu?" Clarice Lispector

Noite, noite!

- Há quem diga que todas as noites são de sonhos. Mas há também quem garanta que nem todas, só as de verão. No fundo, isto não tem muita importância. O que interessa mesmo não é a noite em si, são os sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre, em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado. William Shakespeare
- Canção Não te fies do tempo nem da eternidade, que as nuvens me puxam pelos vestidos que os ventos me arrastam contra o meu desejo! Apressa-te, amor, que amanhã eu morro, que amanhã morro e não te vejo! Não demores tão longe, em lugar tão secreto, nácar de silêncio que o mar comprime, o lábio, limite do instante absoluto! Apressa-te, amor, que amanhã eu morro, que amanhã eu morro e não te escuto! Aparece-me agora, que ainda reconheço a anêmona aberta na tua face e em redor dos muros o vento inimigo… Apressa-te, amor, que amanhã eu morro, que amanhã eu morro e não te digo… Cecília Meireles

Diz o Meu Nome

Diz o meu nome pronuncia-o como se as sílabas te queimassem os lábios sopra-o com a suavidade de uma confidência para que o escuro apeteça para que se desatem os teus cabelos para que aconteça Porque eu cresço para ti sou eu dentro de ti que bebe a última gota e te conduzo a um lugar sem tempo nem contorno Porque apenas para os teus olhos sou gesto e cor e dentro de ti me recolho ferido exausto dos combates em que a mim próprio me venci Porque a minha mão infatigável procura o interior e o avesso da aparência porque o tempo em que vivo morre de ser ontem e é urgente inventar outra maneira de navegar outro rumo outro pulsar para dar esperança aos portos que aguardam pensativos No húmido centro da noite diz o meu nome como se eu te fosse estranho como se fosse intruso para que eu mesmo me desconheça e me sobressalte quando suavemente pronunciares o meu nome Mia Couto, in 'Raiz de Orvalho'

O amor e o nome!

O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato O amor comeu meus cartões de visita O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minha dieta O amor comeu todos os meu livros de poesia O amor comeu meu Estado, minha cidade O amor comeu minha paz, minha guerra, meu dia e minha noite Meu inverno, meu verão Comeu meu silencio, minha dor de cabeça O meu medo da morte João Cabral de Melo Neto
Quando o corpo fala Nunca tinha escutado o nome de Louise L. Hay, que, pelo que eu soube, é uma psicóloga americana com vários livros publicados e traduzidos para diversos idiomas, inclusive para o português. Me parece que é de auto-ajuda, a julgar pelos títulos: Como curar sua vida e outros do gênero. Como se existisse fórmula mágica para alguma coisa. Se esses manuais funcionassem, seríamos todos belos, ricos, bem-casados, desenvoltos, empreendedores, bambambãs em tudo. Mas um dos temas que ela trata é bastante interessante e já inspirou vários batepapos entre amigos. Ela diz que todas as doenças que temos são criadas por nós. Pô, Louise. Como assim, “criadas”? Fosse simples desse jeito, bastaria a força da mente para evitar que o vírus da gripe infectasse o ser humano. Porém, se não levarmos tudo o que ela diz ao pé da letra, se abstrairmos certos exageros, vamos chegar a um senso comum: nós realmente facilitamos certas invasões ao nosso corpo. É o que se chama somatizar, ou se

Seu nome é quem você é?

A flor e seu nome Mas o que impressiona mesmo no amor-perfeito é o nome. Que responsabilidade, meu filho! Há por aí uma planta chamada de amor-de-um-dia, que não carece muito esforço para ser e acontecer, como doidivanas. Outra atende por amor-das-onze-horas e presume-se como sua vida é folgada. Há também amor-de-vaqueiro, amor-de-hortelão, amor-de-moça, amor-de-negro... muitos amores vegetais que desempenham função limitada. Mas este aqui não tem área específica, não se dirige a grupo, ocasião, profissão. É absoluto, resume um ideal que vai além do poder das flores e dos seres humanos. Que sentirá o amor-perfeito, sabendo-se assim nomeado? Que tristeza lhe transfixará o veludo das pétalas , ao sentir que os homens que tal apelação lhe dera não são absolutamente perfeitos em seus amores? Que aquele substantivo, casado a este adjetivo, sugere mais aspiração infrutífera da alma do que modelo identificável no cotidiano? A tais perguntas o sóbrio amor-perfeito não responde. O outono

Todo mundo tem um...

Personagem Teu nome é quase indiferente e nem teu rosto mais me inquieta. A arte de amar é exactamente a de se ser poeta. Para pensar em ti, me basta o próprio amor que por ti sinto: és a ideia, serena e casta, nutrida do enigma do instinto. O lugar da tua presença é um deserto, entre variedades: mas nesse deserto é que pensa o olhar de todas as saudades. Meus sonhos viajam rumos tristes e, no seu profundo universo, tu, sem forma e sem nome, existes, silêncio, obscuro, disperso. Teu corpo, e teu rosto, e teu nome, teu coração, tua existência, tudo - o espaço evita e consome: e eu só conheço a tua ausência. Eu só conheço o que não vejo. E, nesse abismo do meu sonho, alheia a todo outro desejo, me decomponho e recomponho. Cecília Meireles
- "Como Ser Legal" é o nome do livro que o escritor inglês Nick Hornby lançou este ano. Conta a história de um cara que era um chato e que, quando percebe que seu casamento está indo para as cucuias, resolve se transformar num benfeitor, num boa praça: e se torna mais chato ainda. Todo mundo quer ser legal, e todo mundo se ferra na empreitada. É difícil ser legal o tempo inteiro. A gente consegue ser legal a maior parte do tempo, mas aí faz uma besteira e pronto: tudo o que você fez de bom é imediatamente esquecido e você se torna apenas aquele que fez a grande besteira. Aí você precisa de mais uns dois meses sendo exclusivamente legal para todo mundo esquecer da besteira. E quando eles esquecem, você faz outra, claro. Mas você é legal. Você é simpático com os amigos, dá sempre uma força quando eles precisam. Você puxa papo com o garçom, abre a porta do elevador para sua vizinha entrar, você acaricia a cabeça das criancinhas, você é fiel à sua namorada, você até emprest

Muitos nomes iguais, apenas um EU

— O meu nome é Severino, como não tenho outro de pia. Como há muitos Severinos, que é santo de romaria, deram então de me chamar Severino de Maria como há muitos Severinos com mães chamadas Maria, fiquei sendo o da Maria do finado Zacarias. Mais isso ainda diz pouco: há muitos na freguesia, por causa de um coronel que se chamou Zacarias e que foi o mais antigo senhor desta sesmaria. Como então dizer quem falo ora a Vossas Senhorias? Vejamos: é o Severino da Maria do Zacarias, lá da serra da Costela, limites da Paraíba. Mas isso ainda diz pouco: se ao menos mais cinco havia com nome de Severino filhos de tantas Marias mulheres de outros tantos, já finados, Zacarias, vivendo na mesma serra magra e ossuda em que eu vivia. Somos muitos Severinos iguais em tudo na vida: na mesma cabeça grande que a custo é que se equilibra, no mesmo ventre crescido sobre as mesmas pernas finas e iguais também porque o sangue, que usamos tem pouca tinta. E se somo

Seu nome, sua identidade!

2° - EU, ETIQUETA “Em minha calça está grudado um nome que não é meu de batismo ou de cartório, um nome... estranho. Meu blusão traz lembrete de bebida que jamais pus na boca, nesta vida. Em minha camiseta, a marca de cigarro que não fumo, até hoje não fumei. Minhas meias falam de produto que nunca experimentei mas são comunicados a meus pés. Meu tênis é proclama colorido de alguma coisa não provada por este provador de longa idade. Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro, minha gravata e cinto e escova e pente, meu copo, minha xícara, minha toalha de banho e sabonete, meu isso, meu aquilo, desde a cabeça ao bico dos sapatos, são mensagens, letras falantes, gritos visuais, ordens de uso, abuso, reincidência, costume, hábito, premência, indispensabilidade, e fazem de mim homem-anúncio itinerante, escravo da matéria anunciada. Estou, estou na moda. É duro andar na moda, ainda que a moda seja negar minha identidade, trocá-la por mil, açambarcando todas as m

Como é o seu nome?

1° - “Oi! Prazer, meu nome é saudade. E assim como o amor, eu chego sem pedir Permissão. Não me importo em sair pela Sua porta e deixar você a chorar de tristeza Ou de felicidade. Prazer, essa sou eu: Dura e cruel, doce e intensa! Eu não ligo se você me deixa entrar ou não, Eu simplesmente te invado e não quero saber! Não me importa para mim onde você esteja, Eu simplesmente te enlouqueço em qualquer Sentido em que em sua cabeça vier. Sou boa e sou muito maldosa. Isso (não) depende de você.” Yasmine Camargo