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NINGUÉM NUNCA PERGUNTA!

"Ninguém nunca me perguntou, e por isso também nunca precisei responder. Todo mundo quer saber o que sabem os suicidas... Ninguém nunca me perguntou, e por isso nunca precisei responder que a representação do inferno, tal como a imagino, também fica, ou ficava, no Xingu da minha infância...  Eu só queria sair dali. O que estávamos fazendo no meio do inferno, por um trabalho inglório, que seria engolido em poucos anos? " Nove Noites - Bernardo Carvalho

A ficção e a realidade de Nove Noites

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Vamos descobrir uma época e "noites" diferentes das que vivemos.   No fim da década de 1930 um grupo de antropólogos veio dos Estados Unidos para estudar grupos indígenas brasileiros. Jovens, estes antropólogos vieram graças a uma parceria entre o governo brasileiro e a Universidade de Columbia. A história de NOVE noites investiga a misteriosa morte de um antropólogo americano, Buell Quain, que se suicida após uma estada com os índios krahô, no Brasil, quando subitamente regressava à civilização. No meio da floresta, Quain, sem motivos aparentes, retalhou-se e enforcou-se na frente de dois índios horrorizados que o acompanhavam na volta para a cidade de Carolina. Este é o ponto de partida da narrativa, um caso trágico, até mórbido, perdido nos anos e na memória. O narrador / confessor do antropólogo responde pela parte ficcional de Nove Noites, ao passo que o próprio Bernardo Carvalho encarna e responde pelo lado jornalístico, do levantamento de dados que indiquem

Biografia!

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Biografia do Autor de Nove Noites, Bernardo Carvalho: Bernardo Teixeira de Carvalho (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1960). Romancista, contista, jornalista e tradutor. Em 1983, forma-se jornalista pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RJ). Na década de 1980, radica-se na cidade de São Paulo e, a partir de 1986, começa a trabalhar na  Folha de S.Paulo , em que exerce função de diretor do suplemento de ensaios “Folhetim”. Atua como correspondente internacional em Paris e Nova York e, entre 1998 e 2008, colunista fixo do caderno de cultura “Ilustrada”. Com dissertação a respeito da obra do diretor alemão Wim Wenders (1945), obtém grau de mestre em cinema pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP) em 1993. Neste ano, lança a coletânea de contos  Aberração , que marca a estreia na literatura. Seu primeiro romance,  Onze , é de 1995 e, desde então, tem publicado traduções e exercido a função de crítico literário. Seu mais recent

Nove Noites... por Bernardo Carvalho

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O que é fato e o que é ficção em “Nove Noites”? Bernardo Carvalho:  A indistinção entre fato e ficção faz parte do suspense do romance. Por isso não vejo sentido em dizer o que é real e o que não é. Isso tem a ver com meus outros livros. Também neles há um dispositivo labiríntico, em que o leitor vai se perdendo ao longo da narração. Nesse caso isso fica mais nítido porque existem referências a pessoas reais. Mas mesmo as partes em que elas aparecem podem ter sido inventadas. Em última instância, é tudo ficção. Quando eu mostrei o livro à editora, eles ficaram apreensivos com a possibilidade de alguém me processar. Então consultaram um advogado. Ele leu o livro e disse que apenas uma pessoa poderia entrar na justiça contra mim. Mas esse perigo eu não corria, porque, de todas as que ele analisou, aquela era a única que tinha sido inventada. Foi aí que percebi que o livro estava funcionando como ficção. Tem mais um ponto a esse respeito. Você nunca sabe se os índios estã
Inominado Nome Persigo-o no ininteligível arbítrio dos astros, na clandestina linfa que percorre os túrgidos corredores do indecifrável, nos falsos indícios que, de fogos fátuos, escurecem a persistente incógnita do nome. Em persegui-lo persisto onde, bem sei, não lograrei achá-lo, que nunca achado será em tempo ou espaço que excedam meu limite e dimensão. Um nome, ainda obscuro, pressinto no sal da boca amarga, Conheço-lhe o rosto familiar, desfocado embora, no halo do tempo e da distância. É, creio, a face indefectível de tudo quanto tenho de calar. Este nome (este rosto) habita-me silente, contra a recusa, a mentira, ou a calúnia. Na epiderme, nos nervos e na carne, sobre a língua e o palato, adivinho-lhe forma, sabor e propósito. Ouço-o dentro de mim, mau grado o queira ou não, que em mim só está sofrê-lo porque em mim vive e dura, enquanto eu dure e viva. E não por meu mal, que meu mal seria, mais que perdê-lo, sem ele viver.                            Um rosto persigo, um nome
“ Meu nome é amor, Meu sobrenome é viver, Minha vida é sonhar E meu sonho é você.” Desconhecido
Dê nome pra loucura que ela deixa de ser. Sinta dor com nome que assusta menos. Problemas com nomes, são problemas e não loucuras. Tati Bernardi